Estado, redes sociais e fronteira: a migração do sul catarinense para os Estados Unidos

01/01/2007 15:03

Título: Estado, redes sociais e fronteira: a migração do sul catarinense para os Estados Unidos
Autor: Santos, Gislene Aparecida dos
Resumo: Desde o final da década de 1980 um pequeno fluxo migratório se formou na região ao sul do Estado de Santa Catarina, em direção aos Estados Unidos. Esse fluxo configura-se como um complexo sistema, organizado por uma densa rede social migratória, no qual informações, capitais e pessoas circulam entre o Brasil e os Estados Unidos. Na mesma época, promulgam-se nos Estados Unidos rígidas leis migratória. Em 2001 o USA Patriot Act e o Border Security and Visa Entry Reform Act (EBSVERA) concedem ao Estado norte-americano maior policiamento na zona fronteiriça (México-Estados Unidos), através da injunção de sofisticados objetos técnicos de controle e vigilância, fundando assim a primeira fronteira eletrônica com monitoramento integral para deter a entrada de migrantes não-documentados no território estadunidense. Neste contexto, intensifica-se, no sul-catarinense, uma migração indocumentada e clandestina para os EUA, que tem, na fronteira México- Estados Unidos, um dos seus fortes pontos de conexão. O objetivo desta tese é explicar o arranjo sócio-espacial e histórico desta rede migratória, articulada às seguintes variáveis: 1) Os acordos culturais, na década de 1960, celebrados entre o Brasil e os EUA, que tiveram forte rebatimento cultural no sul-catarinense e representaram, sobretudo na cidade de Criciúma, a propagação do american way of life. 2) A materialidade da violência imposta pelo governo dos Estados Unidos ao longo da fronteira sudoeste e seu significado político e econômico sobre o fluxo migratório provindo do sul catarinense. 3) O lugar reservado ao migrante irregular (sem-documentos) do sul catarinense na economia urbana estadunidense. Concluise que o atual fluxo migratório de trabalhadores para os EUA não merece ser contemplado como fato estranho à sociedade de origem e nem a de destino. Lentamente a população de Criciúma familiarizou-se com a presença de elementos e objetos provindos da sociedade americana. No primeiro momento, nos anos 1960, tal familiaridade era representada pelas freqüentes viagens de um restrito segmento da população local para os EUA, seja como turista ou através de intercâmbios estudantis; no segundo momento, no final da década de 1980, esse movimento se amplia e incorpora, uma parcela da população que realiza a primeira viagem internacional. No entanto, desta vez, o curso do movimento toma outra direção: aos turistas ou aos jovens estudantes em intercâmbio, juntam-se, com mais intensidade, homens e mulheres entre 28 e 42 anos de idade, que migram diretamente para o trabalho.
Descrição: Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em Geografia
URI: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/90279
Data: 2007